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5 mitos sobre Linux que afastam novos usuários

Todas as coisas que fogem um pouco do público “maistream” comumente são cercadas de mitos, com o Linux nos Desktops não seria diferente. Vamos falar agora de 5 deles que por vezes os novos usuários acabam “ouvindo de alguém” e que eventualmente os afastam dos sistemas baseados neste Kernel.

Com 2017 chegando ao final, 2018 vem aí para comemorar nada mais, nada menos, do que o sétimo aniversário do blog Diolinux, quem diria, hein!? Depois de 7 anos, o cenário do Linux nos Desktops mudou muito, talvez até mais do que eu consiga lembrar, mas alguns mitos ainda persistem na cabeça de muitos, vamos falar sobre cinco deles.

1 – Linux é difícil de se utilizar

Esse é sem dúvida um dos maiores mitos, mas vamos por partes.

Acho que com um pouco reflexão você pode ser dar conta que uma afirmação como esta não faz muito sentido. Veja bem, defina para mim o que é “fácil” e o que é “difícil”.

Tocar guitarra é fácil ou difícil? Acredito que a resposta seja: depende. Depende do seu conhecimento prévio, se você já sabe tocar violão fica mais simples, se você nasceu com “o dom pra música”, provavelmente será mais simples também, ter o hábito também ajuda.

Tenha em mente que “fácil e difícil” são duas coisas complemente relativas e variam de pessoa para pessoa.

O que geralmente acontece para que alguns cheguem a essa conclusão é a falta de instrução prévia, um dos motivos da criação do blog Diolinux (e do canal também) foi justamente este, com isso, o caminho fica mais tranquilo.

Leia também: Guia de migração, malas prontas para o Linux.

A maior parte das pessoas que teve alguma frustração usando Linux são geralmente pessoas que já entendem um pouco de Windows e se sentem perdidas neste novo universo.

Essa sensação de ser bom e de repente ser jogado em um universo onde os seus conhecimentos já não tantos, ainda mais para coisas rotineiras como usar o computador, nunca é boa, é algo natural do ser humano. Uma vez que isso seja identificado, você fica mais apto a superar novos desafios.

Mudanças são complicadas sempre, mas podem valer muito a pena. Conheço várias pessoas leigas em tecnologia (não em Linux exatamente) que usam distros como o Linux Mint em seus computadores diariamente para fazer tarefas comuns, não há como chamar Linux de “difícil” observando-os. No entanto, vale a pena observar a distribuição, existem distros Linux mais adequadas para usuários novatos do que outras, isso pode trazer uma experiência bem diferente, aliada as várias interfaces que o Linux proporciona, certamente algumas são mais intuitivas do que outras.

2 – É preciso usar comandos para fazer tudo no Linux

Não, não é preciso. Mas acho que podemos falar mais sobre isso.

Antes de mais nada, não devemos encarar a possibilidade de operar o sistema operacional via comandos como algo ruim, distros Linux, Windows, macOS, BSDs e outros sistemas, possuem, invariavelmente, a possibilidade de operação via terminal.

Existem milhares de tutoriais pela internet sobre macOS e Windows onde são utilizados comandos, no suporte oficial das empresas muitas vezes são informados comandos, então não se assuste. No Linux você pode realmente fazer de tudo pelo terminal, mas isso não quer dizer que tudo PRECISE ser feito através dele.

Acredito que as vezes essa impressão vem de antigos manuais e artigos espalhados por blogs, internet à fora, e a forma generalista de tratar as distros. Um exemplo: Digamos que eu queira mostrar como instalar o editor de imagens GIMP em distros baseadas no Ubuntu, todas elas pelo terminal terão o mesmo comando, algo como: sudo apt install gimp, no entanto, mostrar um tutorial via interface vai depender da interface, fazer isso no KDE Plasmas, no GNOME, no Cinnamon, no Pantheon, no XFCE, todos tem pequenas diferenças, o que faz com que o processo de fazer um tutorial abrangente seja excessivamente trabalhoso.

Talvez a falta de uma “distro padrão” cause isso, por conta disso, quando um sistema se destaca ou tem foco no desktop, nós geralmente damos mais atenção, e por “nós”, eu digo a mídia. Talvez seja importante os blogs e sites populares de Linux começarem a se preocupar em colocar tutoriais que envolvam o ambiente gráfico também, isso vai começar a passar a impressão correta sobre o Linux, onde só se usa o terminal quando se quer. 

Em pleno 2017, mesmo no Linux, usar comandos é para quem quer. Basta escolher uma distro com foco no Desktop e você não terá esse “problema”.

Eu realmente não sei de onde vem esse mito, ou melhor, não sei porque ele persiste; de onde vem eu até tenho uma ideia.

Logo no início do desenvolvimento do Linux e de sua evolução, entre 92 e 2004 aproximadamente, a necessidade da utilização do terminal era maior, de fato. Nestes primeiros 10 anos de existência as pessoas que utilizavam Linux geralmente eram entusiastas ou profissionais, como no mundo do servidores o Linux sempre foi uma ótima alternativa e em servidores geralmente não usam ferramentas gráficas (não da mesma forma que em desktops), então as distros acabavam tendo estes traços também.

Os ambientes gráficos ainda estavam começando a se desenvolver também. Mas como tudo, a distros Linux também evoluíram, é um erro tremendo pensar que tudo continua assim, isso seria o mesmo que pensar que o Windows possui as mesmas características dos seus primeiros 10 ou 15 anos de desenvolvimento.

Pra ser sincero, as distros com apelo ao Desktop real começaram a chegar em um ponto interessante em 2010, com o Ubuntu 10.04 e 10.10, Linux Mint 9 e 10, entre outras, com um belo salto de qualidade em 2012, em 2017, ainda há coisas para serem melhoradas (e sempre haverá), mas o ponto atual já pode ser considerado simples para o uso doméstico.

O Kernel Linux está com 26 anos praticamente hoje e muita água já rolou por debaixo dessa ponte, então vamos parar com isso e acabar com esse mito de uma vez por todas.

3 – Linux não tem programas o suficiente

Existem pessoas que vivem de criar barreiras e não pontes, fato. Essas sempre vão procurar algum problema para evitar recomendações, enquanto seria muito simples mostrar as várias opções que existem e quase com certeza, estas iriam atender ao público, ou a maior parte dele.

É complicado listar softwares porque uma lista assim seria quase infinita, mas certamente você encontra muitos aplicativos populares no mundo Linux que são multiplataforma e famosos no mundo Windows também. No mais, eu sempre digo para as pessoas se prenderem à funcionalidade do programa, não ao nome necessariamente.

Exemplo, você não precisa do WinRAR para abrir arquivos .rar, você precisa de um software que faça isso, você não precisa do PowerPoint, você precisa fazer apresentações, e existe uma infinidade de formas para resolver qualquer problema desses, um pesquisa básica no Google vai te revelar as opções (veja o vídeo acima, ele vai ajudar também).

Cada usuário tem necessidade diferentes, então, cabe a você e somente a você, a missão de avaliar se os softwares ou recursos que você quer estão no Linux. Nem sempre ter “um milhão” de opções para um mesmo software é sinal de qualidade, existem dezenas de navegadores de internet, mas a maior parte das pessoas só usa Chrome e Firefox, para citar apenas um exemplo, e ambos estão disponíveis para Linux (assim como Opera, Vivaldi, Chromium, Yandex, e muitos outros).

4 – Linux não tem jogos bons

E mais uma vez caímos no mérito de “bom e ruim”, assim como já comentado, isso vai depender mais uma vez do seu gosto e dos games que você curte jogar. Eu conheço muitas pessoas apaixonadas por jogos, mas curiosamente, a maior parte delas lê, assiste e consume conteúdo sobre todos os lançamentos, mas dificilmente joga todos eles, seja pelo preço, ou pelo gosto mesmo, por preferir títulos específicos. Eu sou assim, gosto de ver reviews de todos os lançamentos praticamente, mas raramente jogo todos eles.

Linux possui atualmente uma ampla gama de títulos disponíveis, essa biblioteca é de fato inferior à do Windows, não há como negar, mas dependendo do que você curta jogar, pode ser um sistema para você, sem dúvidas.

Leia também: 7 site e lojas (além da Steam) onde você pode encontrar games para Linux.

Eu jogo muito no Linux (e no Windows também) e posso afirmar que biblioteca é muito bacana já e só tende a crescer, visto que games para Linux começaram a ser lançados em maior massa apenas em 2014 e o primeiro ano, ainda que frutífero, não se compara aos seguintes.

Sempre haverá aquele que vai dizer: “Ah, mas não tem tal jogo”, e isso nunca vai ter fim, pois sempre haverá um game que não estará na plataforma, mesmo que Linux venha a ter 90% dos títulos que existem no Windows, ainda dirão que falta aquele ou aquele outro, acho que é tipo de coisa que não poderemos mudar, no entanto, uma nova plataforma para PC concorrente para o Windows faria bem para os consumidores em vários sentidos, concorrência desperta qualidade e seria ótimo poder economizar o dinheiro da licença do sistema operacional e gastar este valor em jogos, não é? É importante que incentivemos este mercado para o nosso próprio bem.

5 – Linux é apenas para servidores, não para Desktops

Quando alguém afirma isso devem escorrer muitas lágrimas dos milhares de desenvolvedores de KDE, GNOME, XFCE, MATE, Cinnamon, Deepin, Pantheon e tantas outras interfaces feitas justamente para operabilidade do sistema no Desktop.

Acho que existe ainda uma grande confusão de “qual é o propósito do Linux”, pessoas dizem que o sistema serve para isso ou para aquilo. 

O grande ponto aqui é: Linux não tem um propósito, quem dá o propósito é quem o utiliza para alguma coisa. O Kernel Linux é simplesmente feito para trabalhar com hardware, o que cada projeto que usa o Linux como base fará, dará a utilidade e o foco para ele.

A Google usa para o Android, a Canonical para fazer o Ubuntu, a Amazon usa em servidores, a Microsoft usa para virtualização, a Tesla usa em carros inteligentes e a minha mãe usa pra acessar o Facebook, então dizer que Linux “só” serve para algo em específico seria subestimar a criatividade de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Existem muitas pessoas que utilizam Linux em seus desktop corriqueiramente, eu mesmo estou escrevendo este artigo de uma distro agora mesmo.

Alguns outros mitos

Existem mais alguns mitos interessantes para abordarmos aqui, mas como eu já falei deles amplamente em outras oportunidades, vou deixar apenas as referências, espero que você possa conferir.

“Linux não pega Vírus”: O por que isso é mentira e como realmente funciona

Atenção ao “ter vírus”, isso não significa ser vulnerável equivalentemente, vide o Android, e atenção também para o fato de que popularidade não está relacionada a qualidade de segurança do sistema e o sim ao quanto ele é visado.

– Linux tem problema de suporte a hardware

 Eu participei de um bate-papo bem bacana no canal Peperaio Harware há algumas semanas para falar justamente disso, confira aqui.

– Por que programas de Linux ocupam menos espaço em disco

– Entenda por que você não precisa desfragmentar discos no Linux

Mesmo com todas essas informações, ainda haverão pessoas que não considerarão o Linux para o seu uso doméstico, empresarial ou pessoal e francamente, por mim tudo bem, não vejo problema algum em quem gosta de usar Windows, mas eu realmente acredito que esses mitos não sejam mais bons motivos para tal, simplesmente dizer “eu gosto mais de outro sistema” é melhor do que apontar esses “problemas”, o que seria perfeitamente concebível.

Como plataforma, distros Linux geralmente grátis, mais seguras e com várias opções de customização, aparência e usabilidade, ou seja, testar ao menos é só uma questão de curiosidade e internet para fazer o download, praticamente não existem barreiras.

Até a próxima!

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