EditorialSistemas operacionais

Idosos, exclusão digital e o “Linux com isso”

Nós costumamos falar aqui no blog de muita tecnologia de ponta, são reviews, dicas, tutoriais e muito mais para aqueles que querem uma vida mais fácil em frente ao computador, agilizando assim as suas tarefas diárias; mas acontece que existe uma parcela da população que as vezes passa despercebida.

Engraçado usar este termo, “exclusão digital”, quando se fala normalmente no oposto. Esse tema acabou surgindo por acaso em uma conversa com um amigo meu. Ambos somos (ou já fomos) professores de informática básica para pessoas com mais idade e isso acabou dos permitindo ter um percepção muito diferente sobre o mundo da tecnologia.

O idoso sempre teve problemas para se encaixar na “sociedade jovem”, mas conforme o tempo passou e a tecnologia se tornou parte intrínseca da nossa vida, as pessoas que nasceram muito tempo antes de computadores serem comuns nos lares acabaram tendo dificuldade para lidar com esse tipo de coisa. Sendo essa uma parcela da sociedade cada vez mais crescente, será que não devemos olhar com mais carinho para ela?

Talvez você já tenha flagrado alguém com “uns carnavais” a mais com dificuldades para utilizar um Smartphone, ou simplesmente não entendendo “o que é o Google”, “o Facebook” e ainda achando “mágico” como você pode fazer vídeo chamadas e falar com os entes queridos que moram muito longe. Aos olhos de algumas pessoas que não cresceram com esse mundo, todo esse aparato tecnológico que é comum para maior parte do público deste blog, parece magia, literalmente.

Abaixo você tem um vídeo do canal “Linus TechTips”, onde Linus apresenta “o mundo Google” para o seu avô de 91 anos e o resultado é muito tocante, eu realmente fiquei sensibilizado e emocionado com o vídeo, confira:

Como podemos ajudar a incluir essas pessoas em um mundo que muda tão rapidamente? Linux pode ajudar.

A grande questão aqui é a independência. Exato, independência. Essas pessoas muitas vezes acabaram se afastando um pouco da tecnologia, por mais que a achem fascinante, porque tinham dificuldade de entender certos termos e interfaces para se usar alguma coisa, como um e-mail por exemplo.

Isso é algo que eu aprendi tendo contato direto com pessoas dessa idade que buscaram aprender em uma escola de treinamentos (imagina como são as que não tiveram esse ímpeto). Essas pessoas não querem ter “o neto” ao lado o tempo todo para poder realizar tarefas simples, como enviar uma mensagem para alguém, elas querem ser independentes e fazer o que precisam fazer sem precisar do “suporte”, ao contrário do que muita gente acha.

Pensar sobre segurança de seus dados, atualizações do sistema e aplicativos, instalar aplicativos, tudo isso não deve ser preocupação de quem é leigo e só quer usar a tecnologia, alguém que só quer se sentir mais integrado com a sociedade. O lado técnico de se usar um computador por exemplo, precisa ser completamente abstraído, ou o máximo possível ao menos.

Neste aspecto, acredite você se quiser, existe uma distro Linux capaz de realizar esse tipo de trabalho (tirando o Android em Smartphones) em computadores, que é o Endless OS.

Ele possui uma interface semelhante a um Smartphone Android, que é algo que provavelmente a maior parte das pessoas está minimamente habituada, baseando-se em Linux o nível de segurança para leigos tende a ser um pouco maior, ele é gratuito e possui muito conteúdo offline, ideal para as pessoas que não tem um acesso pleno à internet, além de possuir os aplicativos tradicionais para comunicação e navegação.

Paciência e inovação

Ao contrário das pessoas que nasceram nas últimas duas décadas, geralmente pessoas com mais idade costumam aprender e apreciar as coisas com mais calma, por conta disso, paciência é um ponto chave.

Várias vezes eu já vi pessoas dizerem que só assistem vídeos no YouTube com a velocidade alterada, 1,5, as vezes 2x a velocidade, nessa horas eu confesso que sinto-me mais velho, ainda sou do tipo que gosta de consumir as coisas como elas foram produzidas, que não tem pressa para aprender, sou aquele tipo que gosta de ouvir álbuns inteiros e não singles. Talvez a gente precise desacelerar um pouco. Se você quiser saber se você tem esse “problema” de mente acelerada, use um método nada científico que eu criei, tente assistir o clássico “2001, uma odisseia no espaço”, se você ficar entediado muito rápido, talvez seja o seu caso.

Desacelerar é, inclusive, a principal ferramenta que você tem na hora de tentar ajudar alguém que viveu muito mais do que você a se inteirar nesse mundo “high tech”, eu sei que não é pra todo mundo, mas você precisa entender que o simples fato de conseguir enviar uma mensagem a um filho querido pelo WhatsApp pode ser uma grande vitória para que cresceu de forma analógica.

A tecnologia tem a função de facilitar a nossa vida, é natural que ela vá procurar atender quem está no ápice dessa inovação, mas é importante que não esqueçamos de quem nos deu base para tudo o que temos hoje, tornando-a mais simples e acessível em todos os níveis possíveis.

A sensação que se tem é que vivemos num momento de “quebra” da sociedade, que já ocorreu em outros momentos na história, onde podemos separar os que realmente entendem a tecnologia, sabem usar e sabem como funciona, dos que apenas usam e os que ainda estão tentando entender como utilizar em 3 grupos facilmente distintos, quem sabe com paciência, trabalho e inovação, possamos tornar a sociedade mais hegemônica neste sentido.

Esse tipo de uma coisa vai acontecer invariavelmente (algum dia, quem sabe…), afinal, crianças que nasceram depois de 2010 já estão crescendo na era do Streaming e dos Smartphones, logo, os idosos de um futuro próximo serão possivelmente um pouco mais integrados a tecnologia do que os de outrora, no entanto, esse ciclo deve se repetir ainda, mesmo que com um “fade” maior.

E aí, você anda fazendo a sua parte para melhorar esse cenário? Já dizia o Chaves:

Reflita.

Até a próxima!

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